quarta-feira, 22 de outubro de 2008


JOÃO DE BARROS – por JOAQUIM DE CARVALHO (II)

"Primeiro; a admiração íntima e sincera da natureza, a gravidade silenciosa da serrania e sobretudo a alacridade da luz e da côr, cujas tonalidades e cambiantes impregnam as formosas Aguarelas da Beira, talvez a sua melhor obra literária; depois, a admiração compreensiva e meditada dos criadores de Beleza.

O presente estudo brotou desta admiração, isto é, da vibração, a um tempo estética e educativa , de uma obra, cuja inspiração universalista e humana não tem par na actual literatura portuguesa; se o sentimento da natureza o conduzira à interioridade, velando-a de tristeza, a admiração das criações estéticas ensinou-lhe que o mundo da Beleza duradoira não é fácil e não tolera as torpezas da simulação e do disfarce. João de Barros, em cuja inspiração vitalista e universalidade dos temas poéticos um crítico subtil talvez possa rastrear alguns vestígios do nosso ambiente local, especialmente do mar, foi para o autor o mago que lhe revelou o mundo da Beleza e um mestre de sinceridade. Do seu reconhecimento brotou êste estudo, no qual cingindo-se predominantemente às investigaç6es bio-bibliográficas, conduzidas com esmêro e sagacidade, nos dá o elenco minucioso da actividade literária de João de Barros, que todos os admiradores do Poeta acolherão com reconhecimento. O seu estudo, porém, é preliminar; urge completá-lo com a visão interna da obra do Poeta, do Crítico e do Pedagogo, na sua expressão estética e na sua ressonância emotiva e vital.

Como figueirenses, rendamos graças ao autor e incitemo-lo a que não deixe passar a mãos forasteiras a pena que há de escrever novas páginas sôbre o maior criador de Beleza que a nossa terra viu nascer!

Figueira da Foz"

Joaquim de Carvalho, in prefácio "João Barros Ensaio Literário e Bibliográfico", de Carlos Sombrio, Tipografia Popular, Figueira da Foz, 1936, p. 4 - sublinhados, nossos

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