segunda-feira, 17 de novembro de 2008


A PROPÓSITO DA HOMENAGEM A JOAQUIM DE CARVALHO - II PARTE

"Quando rebentou Abril de 74, havia na Figueira da Foz o «Mar Alto», onde eu colaborava assiduamente, mantendo uma página pedagógica. Nessa página, por essa altura, apontava para diversos pensadores, entre eles Joaquim de Carvalho. Aliás, já desde 58 que eu organizava a homenagem a Joaquim de Carvalho, no Colégio de Santa Catarina ... era Camões e Joaquim de Carvalho”, lembrava Pires de Azevedo.

"Em 76, na Biblioteca Municipal, fez-se, com o repto lançado por uma circular do Colégio, uma grande exposição à volta de Joaquim de Carvalho, em duas salas, no piso subterrâneo do Museu (hoje Sala Figueirense e Sala Infanto-Juvenil) expuseram-se umas centenas de livros", recordou. "Havia uma filha mais velha que tinha ‘secretariado’ o pai e que poderia ter sido a bibliotecária, e o catálogo, razoável, serviu de base à publicação da obra completa de Joaquim de Carvalho, comentada pelo Dr. Pina Martins, publicada pela Fundação Gulbenkian, em nove volumes”, explicou.

Seria na inauguração dessa exposição, por Maria Judite Pinto Mendes de Abreu, na altura, Presidente da Comissão Administrativa que presidia à autarquia, que o filho mais velho de Joaquim de Carvalho "declarou que a biblioteca do pai ficaria na Figueira da Foz".

Mas o futuro reservava outra realidade. "Em 78 defendi então o nome de Joaquim de Carvalho para o Liceu, com a reserva de que pudesse vir a ser dado a um instituto superior, porque na altura sonhávamos com um Centro de Estudos Humanísticos, e a biblioteca de Joaquim de Carvalho podia ser uma fonte para estudos de Direito e de Filosofia, e da Cultura portuguesa de um modo geral", recordava o Professor. "Pensávamos que isso suscitaria na Universidade de Coimbra interesse ao ponto de estender à Figueira da Foz um braço da Faculdade de Letras, um centro de estudos humanistas com o nome do Dr. Joaquim de Carvalho", lembrava Pires de Azevedo. Efectivamente, "a Universidade de Coimbra revelou o seu interesse junto da família, que por sua vez tinha elementos muito próximos da Universidade", prosseguiu Pires de Azevedo. Mas a negociação seria "mediada pela Fundação Gulbenkian, que era administrada, na altura, por Ferrer Correia, Professor de Direito da Universidade de Coimbra", explicou. O resultado foi que "acabou por decidir-se que a biblioteca de Joaquim de Carvalho iria para a Faculdade de Letras, fechada à chave. Julgo que ainda hoje não se catalogou (dizia na altura), volta e meia surge uma ou outra epístola em publicações supostamente culturais ou antropológicas", concluiu.

No centenário do nascimento de Joaquim de Carvalho, em 1989, ainda com Pires de Azevedo à frente da Escola que já ostentava o nome de Joaquim de Carvalho, nasce o jornal da escola, "Sinal". Para o Professor, o nome impunha-se como "um sinal da presença de uma escola viva, sob a égide de um grande mestre". Um ano e três meses após o falecimento de Pires de Azevedo, e 50 anos após a morte de Joaquim de Carvalho, o jornal escolar "Sinal" permanece como manifesto vivo do mesmo significado que o Professor lhe dava, sendo este mês integralmente dedicado à memória do seu patrono".

Andreia Gouveia, in O FIGUEIRENSE, 14 de Novembro de 2008, p. 21 [sublinhados, nossos]

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