quinta-feira, 27 de novembro de 2008


II TERTÚLIA – JOAQUIM CARVALHO

No passado dia 20 de Novembro decorreu a II Tertúlia Dr. Joaquim de Carvalho, no Salão Nobre do Casino da Figueira da Foz e em homenagem ao insigne Mestre, sob o lema, "Joaquim de Carvalho: A organização da cultura e os conflitos culturais na sua época". Curiosamente o evento deu-se no Dia Mundial da Filosofia e, seguramente, não por mero acaso. Há auspícios tais que os deuses saudosos cumprem.

A numerosa assistência – em eventos culturais desta natureza – recordou Joaquim de Carvalho, o professor que se impunha normalmente pela sua sabedoria, o seu ar paternal e sedução discursiva [palavras, então, proferidas por Eduardo Lourenço]. O seu sentimento de liberdade autorizada, essa herança do liberalismo do século XIX da qual foi herdeiro, e a presença sólida de uma paixão intelectual pela cultura ["aprender a ler os textos", crença continua do professor Joaquim de Carvalho, ainda segundo Eduardo Lourenço] foram fraternamente testemunhados ao longo da radiosa intervenção do professor Eduardo Lourenço, antigo aluno de Joaquim de Carvalho. "Tive a sorte de ter esse Mestre", disse admiravelmente Eduardo Lourenço.

António Pedro Pita resgatou o reconhecimento de ser o dr. Joaquim de Carvalho o "fundador da história da cultura em Portugal, em bases sólidas". Paulo Archer, na sua intervenção, chamou a depor o professor Sílvio Lima (discípulo de Joaquim de Carvalho), em defesa do Mestre, via a célebre polémica que manteve com Sant'Anna Dionísio, na homenagem então proferida por este último a Joaquim de Carvalho, na Figueira da Foz.

Sob moderação de Carlos Magno, os demais ilustres tertuliantes, Anselmo Borges ["é bom que a filosofia venha à cidade" – disse], Carlos Leone, o dr. Reis Torgal [que lembrou o conflito (1919) da suspensão de professores da Faculdade de Direito de Coimbra (entre eles estava Oliveira Salazar), sob acusação de colaboração monárquica, registando que Joaquim de Carvalho vem em favor desses professores; referiu a extinção da Imprensa da Universidade, de que Joaquim de Carvalho era director; a participação de Joaquim de Carvalho no Movimento de Renovação Democrática (Porto); e por último leu um luminoso texto do próprio Joaquim de Carvalho, publicado no Diário Liberal de 8 de Novembro de 1933, intitulado, "Reflexão Outonal sobre a Universidade de todo o Ano"], José Augusto Bernardes [salienta os ensaios de Joaquim de Carvalho sobre poesia, citando os trabalhos em torno de Gil Vicente, Camões, Antero e Pascoaes], João Tiago Pedroso e António Nóvoa [que situa a componente de pedagogo de Joaquim de Carvalho, através dos seus trabalhos e fazendo um breve historial da Escola Nova, a partir de um texto-prefácio dedicado pelo Mestre a Ferrière], participaram generosamente na recordação do homenageado.

Na eloquente jornada de homenagem ao dr. Joaquim de Carvalho foi lançado, ainda, um número especial sobre Joaquim de Carvalho da revista Litorais, pertença da Associação Joaquim de Carvalho, bem como se deu a conhecer os trabalhos e prémios da Exposição de pintura "(Re)visões de presenças e percursos de Joaquim de Carvalho".

Por último, o público presente teve ensejo de assistir a um excelente e curioso vídeo - "(Re)visões de presenças e percursos de Joaquim de Carvalho" - sobre alguns dos locais e percursos habitados por Joaquim de Carvalho e a uma entrevista feita ao seu filho, o dr. João Montezuma de Carvalho, num brilhante trabalho feito por alunos da Escola Secundária C/3º CEB Dr. Joaquim de Carvalho, que na ocasião postaremos.

J.M.M.

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